sexta-feira, 6 de abril de 2012

Aconteceu numa Páscoa



Em tempos idos, eu aceitava que o coelhinho trazia ovos, embora visse minha mãe furar, com cuidado, as cascas  para tirar gemas e claras dos ovos (de galinha, claro!) e guardá-las numa caixa de sapato. Mas... os grandes diziam e não se questionava. E essa minha mania de “andar com a cabeça nas nuvens” (palavras de minha mãe), talvez contribuísse para isso.

Era costume passar a Páscoa na casa de uma tia. Éramos seis (nada a ver com o romance de Maria José Dupré) crianças que acreditavam (nós, as mais velhas nem tanto) no “coelhinho”. Esseacreditarvinha acompanhado de um pouco de medo, porque as “coelhas”, espertas, exigiam (chantagem?) “comportamento exemplar”( o que nos perturbava o dia inteiro, pois isso era impossível para seis crianças, seis mentes criativas... juntas...) em troca de ninhos recheados de “ovinhos” e chocolates.

Como a casa ficasse fora da cidade, convivíamos com animais em meio à natureza, com um espaço imenso para explorar, o que nos deixava cansados e dormíamos como anjos.

Certa
feita, na noite de sábado de aleluia, antes de dormir, depois de enfeitarmos os ninhos para o “coelhinho colocar os ovinhos”, embora exaustos, ficamos os seis num quarto para planejarmos o Domingo de Páscoa (viriam mais tios e primos). Entretanto, uma pergunta soou alto: “será verdade esta história de coelho de páscoa? Porque bem, coelho não bota ovo...”  Estávamos nessa importante reflexão, quando um gato branco pulou a janela (naquela época, as venezianas das janelas eram apenas encostadas) no meio de nós. Foi uma gritaria... uma correria! Olhos esbugalhados, corações disparados, pulsando forte. Alvoroçamos a casa.

Naquela noite, o trabalho das “coelhas” de distribuir nos ninhos enfileirados junto à parede, os ovinhos pintados à mão e recheados de amendoim doce (nunca mais comi igual) e chocolates se atrasou. Os pais... esses tiveram um “servicinho extra”: acalmar e driblar a gurizada, principalmente os três menores. Tarefa nada fácil, porque o susto (para quem duvidava da existência do “coelhinho da páscoa”...) fora enorme.

Mardilê Friedrich Fabre

Imagem  1: Google

4 comentários:

Jorge Sader Filho disse...

Se não é um 'causu', inventando por Mardilê, deve ter sido muito assustador a pirralhada ficar trocando gato branco por coelho...
Feliz Páscoa.
Carinho,
Joge

Jorge Sader Filho disse...

Se não é um 'causu', inventando por Mardilê, deve ter sido muito assustador a pirralhada ficar trocando gato branco por coelho...
Feliz Páscoa.
Carinho,
Joge

Anônimo disse...

Q legal as velhas recordações!Tu retratas tão bem q parece eu estar junto...éramos sete (heheheh)Feliz Páscoa querida amiga...sem sustos hoje em dia...que pena...Bjussss Gisa

Cecilia Ferreira disse...

Ah, os paladares, esses ingredientes tão importantes em nossas fantasias! Gostei! Bjnhs!