sexta-feira, 16 de maio de 2014

Exortação ao Poeta




Senta-se o poeta para escrever. Entretanto, escrever sobre o quê? Que tema não foi cantado desde tempos longínquos por outros poetas? O que ainda não foi dito?


 E o poeta, caneta na mão (sim, porque ele prefere caneta a teclado), sonda a mente. Procura algo inédito, que nunca tenha sido tema de poesia. E assim o encontro, neste estado letárgico. 


         Ora, poeta, por que te preocupas? Deixa a tua alma conduzir-te. Relaxa a mão e o coração e encontrarás a trilha. É a tua visão sobre o mundo que interessa. Qual a importância de o amor ter sido motivo de poemas desde que existem poetas? O notável é que cada um aborda sua maneira de senti-lo. 


Não deixes o tempo fugir, poeta. Cada momento é único. Não prives o mundo da tua verve. Ele precisa do encanto das tuas palavras, da força do teu pensamento e da perfeição das tuas rimas.

, a lua te espiona entre os galhos das árvores, as estrelas piscam para ti, e os vaga-lumes perambulam, exibindo-se.

 Não te aflijas, poeta. Não tenhas pressa, nas entrelinhas da noite, que te inunda, então conseguirás colorir os dias insípidos, iluminar os dilemas, reavivar a lassidão das almas, resgatar sonhos adormecidos, restaurar sentimentos exauridos pelos desenganos. 

Escreve, poeta. Teus versos podem transformar lágrimas em sorrisos, tornar brilhantes olhos que se decepcionaram, incitar histórias com fantasia e esperança.

Mardilê Friedrich Fabre
Imagem: Google

7 comentários:

Jorge Sader Filho disse...

Da mesma forma que não posso imaginar um contista fora do teclado, não sei como é possível um poeta sem caneta, como Mardilê descreve, neste suave texto.

Luana Jenifer disse...

Deixar a imaginação fluir e rasurar pensamentos, sentimentos é algo magnífico. É como o corpo conversa com a alma. Abraços, adorei teu texto!

W. F. Aquino disse...

Belo texto, amiga! Esta prosa-poética(?)deverá incentivar muitos escritores e poetas a pegarem a pena.

Anônimo disse...

O último parágrafo de tua prosa de hoje resume os sentimentos que todos os teus escritos anunciam, um misto sofrimento , alegria e esperança. ( Na minha modesta opinião ) Bj Luci

Anônimo disse...

Mardilê, querida, não importa a qual poeta vc se refere, não importa que dúvidas o atormentam. Importa o que vc lhe diz – é o que eu tb lhe diria se a isso me atrevesse. Cada parágrafo de sua prosa se soma, até chegar a um todo que traduz sua sabedoria e imensa generosidade e a cujo acesso sou grata. Bjs. Irany

Anônimo disse...

Acho maravilhoso o que escreves, teus livros, teu blog e creio que não sou só eu, pois se assim não fosse não serias tão premiada, não só no Brasil como no exterior! Ser apadrinhada, incentivada, ter como mentora uma grande poetisa, como tu, para mim é uma alegria e uma honra! Chica Sperb

renate gigel disse...

Que posso te dizer, poetisa?
A pena corre sobre o papel, cobre de mil emoções, convida a preencher de tudo que vai na alma de quem escreve.
Só quero poder sempre ler ,também nas entrelinhas, o rastro que o poeta traçou!
bj
re